ACERVO DA GALERIA DE ARTE

Aqui ficam guardadas todas as exposições de fotografias, cartuns e artes visuais que passam pela galeria de arte do site do Annes Dias 166. Cada exposição fica, no mínimo quatro semanas na página principal da galeria, na sua respectiva sala, depois vêm para o acervo. Aqui estarão sempre dinsponíveis para acesso. É só escolher pelo nome e clicar para abrir.

 

ACERVO DE FOTOGRAFIAS

  “Um universo ali... (ao alcance do olhar)” - Andréa Seligman

Olhar ao redor...
É perceber e dar narrativa ao que trazemos dentro. Escondido ou esquecido, iniciado, pausado ou em andamento, sempre na busca constante e inevitável de transformação.
A fotografia possui a magia e o poder de comunicar; carrega consigo referencias, sonhos, emoções e memórias.
Existe na percepção da fotógrafa Andrea Seligman todo um universo amplo e particular. Seja no mistério desenhado do preto e branco ou na descoberta das cores escondidas. O tempo assume outra dimensão quando disfarçada atrás das lentes; ela flutua, buscando personagens e cenários, descobrindo outros cotidianos, esperando com paciência e paixão o momento certo para disparar seus clicks.
As minúcias deste pequeno universo, repleto de detalhes e artesanias, estão presentes de forma marcante e intensa na concepção e construção das suas imagens, nas suas visões urbanas e no expressar sensível e intenso de seus autorretratos.
E por este território muitas vezes invisível e imaginativo ela segue na busca incessante e apaixonada pela definição de uma linguagem legítima e própria, transformando em poesia sua fotografia.

Alexandre Eckert
Arquiteto e Artista Visual.


ANDRÉA SELIGMAN
Graduada em Arquitetura e Urbanismo - Ritter dos Reis -2000
Graduada em Publicidade e Propaganda - PUC - 1996
Atua como fotógrafa artística e com obras Fine Art - quadros - para decoração.
Iniciou com fotografia de cena, tendo sua primeira exposição individual em 2018.

Exposições e Concursos:

– Exposição “Contra Cena” (fotos de teatro / cena) em 2018 – Gravataí.
– Selecionada no Concurso de Fotografia do Museu de Arte do RS (MARGS / AAMARGS) em 2019, com exposição individual Olhares Invisíveis – Porto Alegre.
– Selecionada no Concurso de Fotografia do Museu de Arte do RS (MARGS / AAMARGS) em 2020, com exposição individual Caminho em Cores - em 2022 – Porto Alegre.
– Selecionada no Projeto Cultural “Pontos de Vista” - Stemmer Rodrigues Arquitetura - com exposição no Instituto Ling e livro impresso – Porto Alegre.
– Selecionada no Projeto Cultural “Cidade Feita de Rio” - Arq Smart Arquitetura – com livro impresso – Porto Alegre.
– Exposição Múltiplos Olhares 2019, no Espaço Cultural Correios – Porto Alegre.
– Exposição Múltiplos Olhares 2020, no Espaço Cultural Correios – Porto Alegre.
– Exposição Fragmentos de uma Cidade Invisível - 2021, no Espaço Cultural Correios – Porto Alegre.
– Exposição Street Expo Photo 2019, 2020, 2021, 2022 – Porto Alegre.
– Exposição Mobgrafia - Street Expo Photo 2022 – Porto Alegre.
– Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco 2020, Finalista (Selfie em Foco) no com exposição em Paraty/RJ.
– Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco 2021, Finalista com 3 imagens (Selfie em Foco) no com exposição em Paraty/RJ. – Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco 2022, Finalista com 2 imagens (Selfie em Foco) no com exposição em Paraty/RJ.
– Menção Honrosa no Brasília Photo Show 2020, na categoria natureza – Brasília.
– Medalha de Ouro no Brasília Photo Show 2021 - na categoria Randômica - autorretrato – Brasília.
– Melhor Fotografia com Celular - estatueta Premiação Especial - Brasília Photo Show 2021 - autorretrato – Brasília.
– Exposição virtual na Galerie RE Paris – 2020.
– Exposição na Art Lab Gallery Oscar Freire 2021 - com 3 obras – São Paulo.
– Exposição Escadaria - 250 anos Poa - Foto Clube Porto-alegrense – abril 2022 – Porto Alegre - com 2 imagens em livro impresso.
– Projeto Cultural Chico Lisboa - selecionada - Odoiá Iemanjá – exposição coletiva prevista para 2022 – Porto Alegre.
– MAAPA (mostra de arte aberta de Porto Alegre) – exposição de 40 fotógrafos convidados em “front lights” pela cidade, a céu aberto – 19 de novembro a 19 de dezembro de 2021.
– Elles Mitraillent – PARIS - exposição galeria 59 - Rue de Rivoli, 59 - fevereiro de 2022.
– MIRA MOBILE PRIZE 2022 - shortlist 50 finalistas - exposição em PORTO - Portugal - março de 2022.
– CAW - exposição coletiva em LISBOA - Portugal - abril de 2022.
– Exposição Projeto Cultural “Cidade Feita de Rio” - Arq Smart Arquitetura - Câmara Municipal de Porto Alegre - maio de 2022.
– Elles Mitraillent – LONDRES - exposição na galeria - agosto de 2022.
– Exposição coletiva Fotografias da Cidade - na Fundação Ecarta - 250 anos de Porto Alegre - agosto de 2022.
– Menção Honrosa na XXXII BIENAL de Arte Fotográfica PB - Fotoclubes de todo Brasil - junho de 2022 - autorretrato Light Painting - com Exposição no Memorial do Rio Grande do Sul.
– MIRA MOBILE PRIZE 2022 - shortlist 50 finalistas - exposição Street Photo Black § White em PORTO - Portugal - agosto de 2022.
– CAU / RS - Conselho de Arquitetura e Urbanismo - concurso Foto Patrimônio Histórico - selecionada entre as 12 fotografias finalistas para compor o calendário 2023 e Menção Honrosa (entre imagens de todo RS).

  Marcio Dias - "A cidade que eu vejo"

#acidadequeeuvejo
#marciodiasphotographer

Marcio Dias não é um fotógrafo. É um poeta das ruas. Seus olhos vagabundos cronistas flagram urbanidades cotidianas que fazem brotar sorrisos e compaixão. Suas lentes recuperam beleza e dignidades desperdiçadas no breu da vida, devolvendo olhares e existência como quem sussurra amorosamente aos invisíveis do centro de Porto Alegre, onde vive: "eu te vejo, irmão, irmã". Marcio Dias cura.

(Graça Craidy, artista visual)

  Luiz Abreu

A praia é do povo.

Um dia, meu filho - ainda piazinho - me saiu com uma observação perturbadora: “O Guaíba não é praia”, falou convicto. Detalhe: morávamos na periferia, em frente ao rio. Ou seja, na praia, pois nesta pequena ponta de Belém Novo, as placas indicam: “própria para o banho”. Mas mesmo ele, criado como peixe de água doce, estava contaminado pela visão preconceituosa e esquizofrênica de que praia é sinônimo de mar.

Talvez, apenas talvez, aí tenha começado esta relação alegre, respeitosa, carinhosa, da minha Leica com o Lami. Ou, quem sabe, eu tenha me inspirado naquele frevo “A praça... é do povo/como o céu é do avião”, porque esta é “A praia é do povo”. Quando a isso, nenhuma criança, jovem ou adulta pode duvidar.

Fotografando-a, há mais de 20 anos, cada dia me convenço mais de que o Lami é um reduto democrático, um refúgio do povaréu que derrete nas casas simples, sem ar condicionado, banido dos balneários sitiados de edifícios, shoppings, supermercados e condomínios. É a Meca do verão dos pobres.

  Eurico Salis

250 Anos Centro Histórico, Porto Alegre.

As imagens que compõem esta mostra fazem parte do livro Porto Alegre Centro Histórico, publicado em 2011, com texto de apresentação escrito por Luiz Carlos Felizardo, fotógrafo de minha a geração.

Não é tarefa simples capturar a luz do centro de Porto Alegre, na minha opinião ela se torna mais eloquente durante as primeiras horas da manhã. Como também não tarefa simples imprimir um livro com imagens monocromáticas, ou como se diz "em preto e branco". Porque entre estas pontas da tabela de luz, o preto e o branco, existe um universo de tonalidades de cinzas. É preciso resgatar todas estas tonalidades para refletir com fidelidade o espírito do centro de nossa cidade.
Na escolha do material para essa mostra, procurei fugir da maioria das imagens publicadas no meu livro, e busquei cenas, urbanas ou não, que vinculem meu trabalho ao nosso chão.

No bairro coração pulsante da cidade, muitas vidas passam agitadas, quase sempre em transe, diariamente, por ruas barulhentas e ruidosas. A luz solar refletida nas portas, paredes, janelas, e adornos contém mais do que a gama infinita de cinzas, revelam a própria história do Centro Histórico, porque não dizer, revelam o coração da cidade, o lugar onde Porto Alegre nasceu, e testemunhou seus melhores dias.

Eurico Salis, Junho de 2022.

  Ricardo Kadão Chaves

Chegando atrasado

Quando o Bar do IAB bombou na vida cultural de Porto Alegre eu não morava na cidade. Embora tenha nascido na capital, em 21 de julho de 1951, vivi fora daqui entre 1981 e 1992. Nesse período, trabalhei, como repórter fotográfico, para a revista Veja, na sucursal do Rio de Janeiro, para a revista Isto É, em São Paulo, e para o jornal O Estado de São Paulo, em Brasília e na capital paulista. No final dessa jornada, fora do Rio Grande do Sul, retornei para os pagos e retomei minha carreira profissional iniciada, como auxiliar do laboratório fotográfico na Zero Hora, em 1969, só que, desta vez, como editor de fotografia do jornal.

Durante essa trajetória, de 50 anos de fotojornalismo, tive inúmeras oportunidades de testemunhar, e fotografar, muitos fatos importantes para a história da nossa cidade, do nosso estado e do país. Tive, inclusive, a chance de acompanhar acontecimentos internacionais como a visita do papa João Paulo II, a Polônia, sua terra natal, dois campeonatos mundiais de futebol (Espanha 82 e México 86) uma Olimpíada (Sydney 2000), competições de F1 (Ayrton Senna em Portugal e Espanha), além de fazer reportagens em diversos países das Américas, Europa, da Ásia, África e até na Antártica (EUA, México, Venezuela, Argentina, Uruguai, Peru, Cuba, Suriname, França, Portugal, Espanha, República Tcheca, Rússia, China, Japão, Vietnam, Moçambique). Em 2016, publiquei o livro “A Força do Tempo – Histórias de um repórter fotográfico brasileiro”, uma autobiografia, onde narro parte dessas experiências.

Na escolha do material para essa mostra, procurei fugir da maioria das imagens publicadas no meu livro, e busquei cenas, urbanas ou não, que vinculem meu trabalho ao nosso chão.
Ao contrário do que recomenda o bom jornalismo, não coloquei datas ou legendas nas fotos. Elas são aquilo que se poderia classificar como fotos “inúteis”, gratuitas, onde, embora como sempre, façam parte de um contexto, ele não é o mais importante. Espero que gostem.

Ricardo (kadão) Chaves, 29 de maio de 2022.

  "A rua é terra de ninguém" por Henrique Ribeiro da Silva

Se por um lado é fácil, acessível demais, sair pra rua com uma câmera qualquer a sacar fotos do espaço público e das pessoas que por ali transitam; existe o lado difícil da fotografia de rua. O lado perigoso. E esse perigo me atrai e me motiva a explorar a rua, feito um cão vira-latas, sempre a procura de algo. Omedo existe e a incerteza também. Eu recomendo a experiência.

  Efêmera Eternidade por Gilberto Perin

Redescubro histórias e sensações depois de um longo e novo olhar em fotos adormecidas.
“Tudo agora mesmo pode estar por um segundo” (1), mas a minha rota é na direção do transitório, do pessoal e intrasferível, do efêmero.
Na fotografia, já não persigo o “momento decisivo” (2), deixo o tempo me conduzir,
“não sou o olho que vê: sou as imagens” (3).
Afinal, “uma foto é um segredo sobre um segredo” (4) e o desafio é “encontrar o eterno, no efêmero” (5).

(1)Gilberto Gil; (2)Henri Cartier-Bresson; (3)Eduardo Galeano; (4)Diane Arbus; (5)Charles Baudelaire.

  Luis F. Verissimo - O Homem de Muitos Talentos - Dulce Helfer

Apertar o botão qualquer um aperta. O aparelho do fotógrafo mesmo está atrás da máquina. Chama-se olho. Existe há anos.

Os olhos de fotógrafo vêem o que outros não vêem:
O gesto, o contraste, a luz, o detalhe. Enfim, o momento certo. Às vezes os próprios fotógrafos se surpreendem com o que pegaram. Nem sabiam que tinham visto!

Eles podiam não saber, mas o olho sabia.

O fotógrafo é o olho. O resto só existe para transportá-lo e conseguir o ângulo necessário. E apertar o botão, claro.

A Dulce levou seus olhos para fotografarem o mundo e isso é o que eles fizeram. A Dulce tem olhos da melhor qualidade.

E ainda por cima são azuis.

Luis Fernando Verissimo.

Luis Fernando Verissimo em Preto e Branco

Luis Fernando Verissimo em Cores

  Exposição "Curiaú" por Luiz Eduardo Achutti

A pedra fundamental da construção Fortaleza de São José do Macapá foi instalada em lugar escolhido em 1764. A ideia era proteger a segurança da Amazônia para que ninguém pudesse com facilidade penetrar via Rio Amazonas.
Toda a comunidade e militares envolvidos, inclusive índios e negros escravos. Não longe dali em plena capital do Amapá, em Macapá situa-se uma das importantes regiões quilombolas do Brasil, O Curiaú.
Hoje lugar de fruição cultural e laser, essa histórica região, que é alagada em determinados meses do ano, foi reduto para aqueles escravos fugidos da obra da Fortaleza.
Em perfeita harmonia com a natureza a população autóctone se transporta de canoas, criam búfalos, extraem açaí, entre outras atividades que hoje com ênfase inclui o turismo.

  Exposição de Jacqueline Joner - para Irene Brietzke

Os espetáculos aqui apresentados pelas imagens das fotos deslumbrantes de Jacqueline Joner são “O Casamento do Pequeno Burguês” e “Mahagonny”, dirigidos por Irene Brietzke e “Ana Stein compra uma calça e vem jantar comigo” em que ela atua sob a direção de Miriam Amaral. Os dois primeiros produções do Teatro Vivo e o terceiro do Gabinete de Teatro.
Humor, canções, enredo crítico e mordaz são características do Teatro Vivo. Ambos os espetáculos permaneceram em cartaz por muitos meses, ininterruptamente, com casa lotada e uma vida incrível na cena. E são muitas as histórias da criação e dessas temporadas longas e felizes. O espetáculo do Casamento feito no dia em que nevou em Porto Alegre, as fotos polaroid tiradas com o público na entrada do teatro, a festa. Em Mahagonny o público entrava pisando sobre lonas cobertas de “estourinho” que causava pequenos sustos e muitas risadas. Cantar juntos, criar a cidade proibida de Mahagonny. Em ambos, uma bebida na entrada, um pequeno brinde. Poética de grupo sublinhada pelas encenações geniais de Irene.
O terceiro espetáculo mostrado nas fotos, Ana Stein compra uma calça e vem jantar comigo, revela Irene atuando, retornando ao ofício em que iniciou e encerrou sua vida artística. Ofício que ela amava e em que também brilhava.
Nas fotos:
“O Casamento do Pequeno Burguês”
Antonio Carlos Brunet, Zeca Kiechaloski, Rebeca Litvin, Ida Celina, Beatriz Tedeschi, Carlos Cunha Filho, Denize Barella, Mirna Spritzer, Oscar Simch e a diretora Irene Brietzke.
"Mahagonny"
Antonio Carlos Brunet, Alexandre Dornelles, Sergio Silva, Beatriz Tedeschi, Denize Barella, Mirna Spritzer, a pianista Dunia Elias e a diretora Irene Brietzke.
“Ana Stein compra uma calça e vem jantar comigo”
Irene Brietzke, Ida Celina, Sergio Silva e a diretora Miriam Amaral.

Mirna Spritzer - Dezembro de 2021

  Exposição de Luiz Carlos Felizardo

Nasci a uma quadra da Praça da Matriz. 32 anos depois, fiz uma exposição de fotografias que inaugurou o Espaço IAB, com o título, meio barroco – como homenagem ao Júlio Curtis – de “Algumas tentativas de reunir em imagens três décadas de relacionamento afetivo com o centro da cidade de Porto Alegre”.

 

ACERVO DE CARTUNS

  Thiago Lucas

Trabalho como chargista há mais de 20 anos, apesar de ser uma profissão quase solitária, uma das tarefas importantes desse ofício é acompanhar diariamente a produção de outros profissionais do humor gráfico, primeiro para não correr o risco de repetir piadas que algum outro colega já tenha feito, segundo para continuar o exercício do olhar, fundamental para o permanente aprendizado.

Confesso que após um certo tempo de estrada, são poucos os trabalhos que nos trazem surpresas e provocam a curiosidade. A obra do Thiago Lucas é uma delas. Tive o primeiro contato com suas charges pelas redes sociais, há uns 7-8 anos, de imediato me chamou a atenção as belas soluções gráficas que ele propõe, tanto para os cartuns quanto para as caricaturas, As cores, as formas, tudo muito bem elaborado e forte, sem, no entanto, perder a leveza. Lembro de na época perguntar para um grande amigo, também chargista, “quem é esse cara?”.

Além da qualidade gráfica do trabalho do Thiago, o conteúdo e a ideia por traz de cada desenho também chama nossa atenção. Com humor sempre afiado, ele consegue produzir charges que, além da ironia necessária, fazem o leitor refletir. São esses, aliás, os elementos que formam o tripé de uma boa charge/cartum: desenho, humor, reflexão.

Em uma época tão sombria pela qual passa o país, os chargistas são fundamentais para retratar assuntos tão espinhosos, mas que precisam ser mostrados sobre a ótica do humor gráfico. E o Thiago Lucas cumpre com maestria esse papel.

Parabéns à Annes Dias 166 pela iniciativa de expor as obras desse grande artista, e que os gaúchos possar ver com os próprios olhos que não estou exagerando.

Apreciem sem moderação!!!

Duke.

  Fernando Jorge Uberti

Fernando Jorge Uberti nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul. Publicitário, artista gráfico, cartunista, ilustrador e quadrinista. Suas técnicas passam pelo desenho, pintura e computação gráfica.
Como cartunista, colaborou com o jornal O Pioneiro, onde publicou as tiras “As Panelas”, nos anos 80.
Como ilustrador, trabalhou na Zero Hora em 1970. Em parceria com Barbosa Lessa ilustrou o livro Mão Gaúcha e o calendário da Fertisul/Ipiranga, de 1978. Criou diversas capas de livros, como de Luis Fernando Veríssimo, Mario Quintana, Moacyr Scliar entre outros. Criou e quadrinizou o filme Coração de Luto, de Teixeirinha, que foi publicado aqui, nos Estados Unidos e Portugal. É co-autor em diversos livros de humor e participa de salões de cartuns nacionais e internacionais.
Recentemente lançou pela LP&M o livro de humor, “Graça na Praça”, na 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, em 2010. Que foi um dos sete indicados na categoria Publicação de Cartuns no 23º Troféu HQ Mix, em 2011.
Como publicitário, foi diretor de arte e diretor de criação. Seu portofólio inclui inúmeros prêmios em quatro décadas de atuação na publicidade. Atualmente é freelance como design gráfico, ilustrador e cartunista.

  Alguns Cartunistas do Bar do IAB

Pode-se erguer um bar sem arquiteto. Mas é melhor que tenha. Dá pra encher um bar sem humor. Mas o bar agrada mais se lotar de cartunistas e afins. Não se exige dono bem-humorado. Mas se for, é sucesso garantido. Assim era, humoradíssimo e memorável, o Bar do Dirceu, no IAB, nos anos 80.
Aliás, assim é: o Bar do Dirceu reabriu, virtualmente o mesmo. É possível rir sem ir ao bar. Porém se o riso vier junto com toda a memória do bar, ri-se melhor.
Bar do Dirceu, agora sem o IAB. O bom humor devolvido à cidade.
(Fraga, humorista e jornalista)

  Exposição Humores do Vinho

In vino et humor, veritas | Fraga


Humor e vinho, vinho e humor. Humm. Elegante aproximação. De um lado, analogias; do outro, enologia. Numa ocasião como essa, cai bem servir algumas doses de semelhanças.

Assim como a uva é a base para os diversos tipos de vinho, o humor se presta para produzir diferentes modos de riso. Das principais uvas – cabernet, merlot, chardonnay, rieslingetc, – se consegue engarrafar sutilezas; com as formas básicas de humor – ironia, sátira, paródia, farsa – é possível desarrolhar o espírito humano. Essas bagas e essas graças, mal comparadas, seriam as matérias das quais se fazem os inebriamentos.

Enquanto os vinicultores exploram a videira e seus frutos, os humoristas espremem a realidade e seus fatos. Ambos dominam a arte da fermentação, até que jorros de bebida e de imaginação resultem em algo apreciável. Dos primeiros recebemos as mais variadas dádivas – os tintos, brancos e rosés, e os secos, suaves e doces.

Os segundos fornecem engraçadas dúvidas – as charges, cartuns, caricaturas, ilustrações e histórias em quadrinhos. Um sommelier mais espirituoso insinuaria: charge é o humor mais encorpado, adstringente. Cartum pode ser mais suave e até meio adocicado. Tiras podem combinar tudo isso. Caricaturas e ilustrações variam de teor risível. E conforme a uva, digo, a intenção, o humor gráfico pode ser mais azedo. Muitas vezes, avinagra – daí o deboche, o sarcasmo, o cinismo. Têm sua hora.

Vinhos têm safra, humoristas também. Nosso estado é uma região de elevada produção dos dois, quantitativa e qualitativa. A safra de humor dos anos 70 até hoje é lembrada, pois se conserva muito bem. Além do RS, as maiores produções de humor no Brasil se concentram nas encostas cariocas, paulistas, paranaenses e mineiras.

Vinhos podem ser embalados desde finas garrafas até garrafões. Do mesmo jeito, desenhamos desde em papel importado até em guardanapo de bar (sem a menor referência à qualidade intrínseca do que se bebe ou se contempla).

Vinho degusta-se em apropriados cálices e taças, do mesmo modo com que o humor é servido em páginas (de jornais, revistas e livros, ou espaços na web). A adega do humor são as estantes. E esta exposição é a nossa carta. Escolha o desenho que mais lhe agrada e sorva-o por inteiro. Aliás, a única diferença com vinhos é: rir dispensa moderação.

Os benefícios para a saúde de quem consome bom vinho e bom humor regularmente convergem: melhor disposição para viver. Há quem aprecie humor às gargalhadas ou com um sorriso na mente, igualzinho como quem exagera na dose ou como quem demonstra finesse à mesa. Como genialmente definiu o grande cartunista argentino Crist:“Vinho é imaginação que se bebe.”

E assim como existem maneiras de combinar os vinhos com as refeições, também é preciso adequar o humor às situações. Se não é recomendável misturar determinados vinhos e certos pratos, sorrir num velório ou em meio a um desastre também é mal visto. Civilidade não tem hora.

Enfim, o melhor humor e os melhores vinhos têm, em comum, brilho, equilíbrio, limpidez, transparência, cores e sabores memoráveis. E só uma comparação entre vinho e humor é negativa: a rolha lembra censura. Um brinde ao saca-rolha!

 

ACERVO DE ARTES VISUAIS

  Aquarelas por Graça Craidy

Eu não sou ninguém pra falar, mas dado que volta e meia alguém me honra dizendo que quer fazer aula de aquarela comigo, vou me meter de pato a ganso e dizer umas coisinhas e outras.

Não. Aquarela não é algo que você devesse fazer se não gosta de desenhar. Porque - sim - aquarela tem a ver com mancha, mas, principalmente, tem a ver com gesto, ainda que gesto delicado. E gesto, antes de qualquer coisa, é desenho.

Não. Você não precisa se agarrar no pincel da aquarela como se fosse um lápis ou bóia salva-vidas, nem movimentá-lo tão cauteloso como se estivesse assinando uma escritura no cartório. Aliás, eu diria até que o verbo mais interessante para um pincel de aquarela é desagarrar, quase soltar, quase deixar ele seguir sozinho papel afora, comandante do seu pensamento poético visual.

Aquarelar não me parece ser pra gente guardada demais que adora transitar entre fronteirinhas muito bem demarcadas. Aquarelar é queimar a amarelinha com o pé, é transbordar de si e borrar os limites mostrando a língua para o certo, o correto e o deja vu. Ok, conheço alguns aquarelistas quase monges, mas cá pra nós, acho que a aquarela é tipo um espaço de seu alter ego onde eles se lambuzam do pecado da cor e da fluidez.

Entenda. Não é você que manda na aquarela. Ela é que manda em você. Así que, relaxe, meu bem, e entre no barquinho disposto a marolar e inclusive mergulhar se a canoa virar.

Quando eu aquarelo, me liquidifico. Sou água, água e deslizo suavemente pra lá e pra cá no papel, me rindo por dentro de imaginar pra onde aquilo tudo vai me levar. E leva! Toda vez que me despreocupei com o porto de chegada, a viagem só me deu alegria. E água e água e água e desaforo de sim e de não pode, pode sim, até dar o clique de que chegamos, afinal. Às vezes a viagem é mais longa e mais lenta, outras é uma vertigem, quando foi, deu. Aceite que cada uma tem seu tempo. Minha mestrinha querida Ana Lovatto me domou só sussurrando uma única palavra: - sutileza, Graça!

Sei que muitos dos meus colegas e mestres vão me desdizer palavra por palavra, garantindo de pé junto que aquarelar é exatamente tudo que eu falei, só que ao contrário. Pode ser, pode ser. Cada um deveria ter o direito de encontrar o seu próprio caminho na aquarela.

Graça Craidy (1951, Ijui, RS) é artista visual.

  Pena Cabreira

Olá, sou o Pena Cabreira, transito na linguagem audiovisual (diretor de cena e roteirista em ficção e documentário na Cubo Filmes) e nas artes plásticas e gráficas no meu ateliê e em coletivos (Atelier Errante e Doca 725).

Ao receber o honroso convite de participar da Galeria Annes Dias 166 pensei em mostrar trabalhos recentes, mas ao vasculhar os meus arquivos reencontrei vários desenhos e pinturas de épocas muito distintas que, de certa maneira, resumem a minha trajetória nada linear e um tanto errática. Após uma árdua seleção escolhi algumas obras, espontâneas ou trabalhadas, que representam as minhas buscas estéticas e, inevitavelmente, o meu olhar sobre a vida.

  Os Cerros e os Morros de Joaquim da Fonseca

A aquarela é uma das mais antigas manifestações visuais da arte. Tem a idade do mundo conhecido e tem a qualidade de produzir registros ilustrados das observações e dos sentimentos dos artistas que a conceberam. Antes da invenção da fotografia, sempre foi uma forma de documentar visualmente a imagem das coisas.

Basicamente, é um processo que utiliza pigmentos de cor aglomerados em goma arábica e diluídos em água. Quando produzidas em papéis apropriados, tintas de qualidade e conservadas de forma adequada, pode-se dizer que são eternas. As aquarelas do inglês Turner e do francês Victor Hugo, que foram contemporâneos, têm mais de 150 anos e estão em perfeito estado. As do norte-americano John Singer Sargent são mais novas, têm ao redor de um século, mas conservam ainda a vivacidade de suas cores originais.

A presente mostra é um registro dos cerros e morros da paisagem sulista, uma peculiaridade nas partes predominantemente planas desta região. A nossa campanha, por exemplo, é uma extensão das planuras do pampa platino, aqui acentuadas por elevações que ocorrem quase que pontualmente. Esses destaques provocaram na cultura local, ricas e insólitas expressões que inflamam o imaginário popular, criando lendas e causos que são indeléveis, tal como a aquarela, em cada um desses cenários.

  AUTORIAS - homenagem à literatura gaúcha

O que seria de um povo se, entre sua gente, não surgissem amoráveis prosadores dos seus enredos, mapeadores delicados dos seus anseios, tradutores generosos dos seus delírios, renascimentos, derrotas, paixões? A história de um povo é, também, além dos fatos, a história da sua imaginação, do quanto acalenta quereres, em que infernos de dentro se incandesce, com que valores constrói a tessitura dos seus sonhos. Aos gentis narradores da alma riograndense, a homenagem dos artistas visuais gaúchos.

Graça Craidyartista visual


ARTISTAS&AUTORES


  • Beatriz Balen Susin - Maria Carpi; L. A. Assis Brasil;
  • Bernardete Conte - J. Simões Lopes;
  • Emanuele de Quadros - Luisa Geisler;
  • Erico Santos - Moacyr Scliar; Lya Luft;
  • Gilmar Fraga - Erico Verissimo; Carol Bensimon;
  • Graça Craidy - Marô Barbieri; Dyonélio Machado;
  • Gustavo Burkhart - Luis F. Verissimo;
  • Gustavo Schossler - Fernanda Bastos;
  • Gustavot Diaz e Ise Feijó - Caio Fernando Abreu;
  • Helena Stainer - Cíntia Moscovich; Cyro Martins;
  • Liana d’Abreu - Lélia Almeida;
  • Liana Timm - Mario Quintana; Eliane Brum;
  • Mariza Carpes - Leticia Wierzchowski;
  • Nara Fogaça - Josué Guimarães; Martha Medeiros;
  • Thiago Quadros - Sérgio Faraco;
  • Ubiratan Fernandes - Oliveira Silveira; Jane Tutikian.

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