Nenhum encontro terminava na sede do IAB, todos continuavam no bar.

Conviver lá nessa época teve uma magia especial e significava participar das letras, das artes e da música além de encontrar amigos mais velhos, mais novos e de todas as enfermarias. Sentar ao lado do Eduardo Dussek num show foi memorável.

As lembranças são muitas. Obrigada Dirceu.

Ele convidou pra ir ao IAB. Queria saber se tu quer ir. Busquei o Pedro no colégio e ele já tá com 11. Acho que devíamos levar, afinal, a primeira vez que fui eu tinha seis. Tu lembra? Suíte Picnic!
Tu ligou daí e a gente estacionou o Dodge na porta! Que sorte ! Eu tu e a mãe ! Lembro bem do Ayres Pothoff.
Foi a primeira vez que eu entrei num bar. E de gente grande!
Todo mundo lá e tal. A moça da livraria.
O Dirceu de mesa em mesa. Aquela parte de apertar minhas bochechas era meio chata. Mas achava legal aquela gente. Eles tinham um jeito bacana né Pai?
Tinha o Castro lembra? A Sylvia! Eu achava que era um bar só pra Arquitetos!
E foi tão bom que acho que devíamos repetir. Se não fosse o IAB, onde tu estava sempre, eu não tinha passado pro bar da feira até chegar no Bere & Ballare!
Minha vida poderia ter sido péssima!
Dirceu mandou convite. Acho melhor levar o Pedro. Toda a pessoa decente precisa de um bar.
Parece que o Reneu não anda mais aí verdade? E que o Castro viajou?! Sabia?!
Topa? Pego o guri, estaciono lá na garagem do Plazinha. Acho que o filho da Maria Antônia deve ir.
Tão na idade pai.
Desce às sete? Ou seis e meia?
Aqui em casa não tá pegando o celular.
Então, putz.
Faz o seguinte: liga pelo WhatsApp!
Ou vai no Laboratório do Zanonatto e liga pro fixo!
Estes negócios sérios pra vida da gente é melhor fazer de um jeito seguro. Liga pro fixo.
Te espero.
RSVP. Até umas cinco tô em casa.
Parece que quem toca hoje é o Boca com o do Ó.
Ele me disse que vai fazer 80?!
Deve ter se enganado.
Eu ainda não fiz sete. Fiz?
Gozado.
Um beijo pai. Não vou subir porque teu cliente vai tá lá em cima.
Me liga. Ou manda um fax.
Tô em casa.

Local mágico da noite Portoalegrense, impossível não lembrar das delícias do lugar, gastronomia, exposições, livraria, cultura por todo lado, shows teatro-musica, rodas de papo, drinks e amizade, saudade do Cesar & Mara, Genesio & Flávio, Cláudia Meneguetti e o famoso “arreda a mobilia que hoje vai ter dancing”.

Sim do nada alguém lançava este grito de guerra e dançávamos até o clarear do dia.

Lembro qdo a revista veja publicou uma matéria sobre os melhores bares do brasil, lá pelos idos de 1983, onde o IAB foi citado como o 1º single bar do brasil, local onde mulheres tinham tranquilidade e segurança de irem sozinhas, sim, Porto Alegre tinha este local, Espaço IAB.

Não foi atoa que seu Dirceu recebeu carinhosamente o título de Rei da Noite, pois só ele pode nos proporcionar tanta diversão e alegrias, era tudo muito perfeito, lá aprendi gostar de jazz, a trilha sonora era escolhida a dedo/ouvido pelo mestre que ficava no caixa do bar com seu charuto e sorriso atendendo aqueles clientes sedentos de diversão.

Obrigado Dirceu por depositar confiança e permitir que eu tivesse caderno em seu bar(sim, eu era bebum de carteirinha kkkkkkkk).

O Espaço IAB fez a alegria da minha melhor juventude, agradeço de coração ter tido esta oportunidade!

Viva os 40 anos do bar!

Foi o meu primeiro emprego dentro de um restaurante.

O Espaço IAB tinha clientes regulares que eram muito legais, alguns ficaram famosos ao longo do tempo. Todos me tratavam como se eu fosse adulto e não uma criança, acho que isso me ajudou a acreditar em mim e formar meu caráter.

Continuei participando-nos outros projetos da Família, até o dia em que me mudei para San Diego, Califórnia.

Na época eu não imaginava que meu destino era trabalhar na mesma atividade dos meus Pais.

Em San Diego o meu primeiro emprego foi de lava pratos porque o meu inglês era muito pobre, mas logo depois fui promovido a Barista, Garçom, Gerente de Coffee Shop, e Maître com especialização em vinhos.

É sempre bom relembrar aqueles momentos que sem saber foram os primeiros passos da minha carreira na área de entretenimento e gastronomia.

O espaço IAB vai ficar para sempre na minha memória.

Diego Russi

Lá, nós salvamos o mundo, derrubamos a ditadura (que no início dos anos 1980, já agonizava) e – sobretudo – nos divertimos muito! O Dirceu, qual um estadista, administrava os egos, os conflitos, os chatos e garantia a cerveja gelada. No bar do IAB nós estávamos em casa. E, de mesa em mesa, (pois todo mundo se conhecia) cultuávamos o precioso ritual da amizade.

A começar pelo Dirceu Russi, o Castro, parceiro de todos os momentos, que administrava a livraria especializada em livros de arte, e os garçons Genésio e Flávio. Sintonia perfeita afinada pelo Dirceu. O pequeno palco, colocado à disposição da arte, da produção cultural da cidade, logo começou a abrigar espetáculos de música e teatro. Muitos deles lá estrearam. Nas paredes, exposições de fotos e cartuns. Não por acaso, o local logo ganhou a dimensão de um celeiro cultural.

Talvez por os freqüentadores se referirem assim ao bar ou por ter sido para mim essa sua maior característica, teimo em invocá-lo dessa forma.

Foram anos de muita efervescência econômica, social, política, cultural e pessoal. Freqüentávamos e produzíamos peças teatrais, shows musicais, exposições de artes visuais publicavam livros e revistas, participávamos de profundas discussões e nos empenhávamos pela redemocratização do país. Isso tudo passava pelas mesas do Encontro, inclusive os casos amorosos.

Amizades que permanecem até os dias atuais ali foram tecidas. Tivemos apresentações musicais inesquecíveis, como a do Ayres Pottoff e Celso Loureiro Chaves, Concerto para Flauta Jazz Piano, com diversas temporadas e casa sempre cheia.

Recordo de um show maravilhoso da Nana Caymmi. Como o Bar não tinha camarim, o Dirceu me consultou sobre a possibilidade de conseguir um escritório no prédio, em maioria de arquitetos, para que Nana aguardasse à hora de ir para o palco. Essa situação me permitiu levar um papo muito gostoso com ela, recheado de boas gargalhadas.

Não querendo ser nostálgica, mas “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

Fazem já quarenta anos! Sua esposa, na época, excelente cozinheira , de nome Elaine,apresentava uma comida maravilhosa em um ambiente amigo,acolhedor, como se a gente estivesse em casa.

Não encontrei ainda, mas tenho uma foto deste primeiro almoço no qual eu e um grande amigo, colega de turma da Medicina, lá nos sentamos para almoçar e conhecer aquele que viria a ser um dos grandes nomes da vida noturna de Porto Alegre, organizador de muitos bares e restaurantes de primeiríssima categoria em nossa cidade: Dirceu Russi, amigo querido, sempre recebendo a gente com extrema cortesia e que, por discrição, jamais ficava muito tempo nas mesas para não constranger seus clientes.

O IAB contava, ainda, por incrível que pareça, com uma livraria de altíssimo nível, que vendia preciosidades da literatura brasileira e internacional. Muitos dos livros que possuo foram lá adquiridos, além daqueles que conheci folheando-os naquele afetuoso local.

Lembro que neste primeiro almoço, o Dirceu, que viria a se tornar um grande companheiro, pediu se eu poderia levar algumas fitas cassetes para a música que ele tocaria em seu espaço. Gravei várias, especialmente de jazz e levei para ele.

Eu diria, inclusive para cumprimentar efusivamente ao Dirceu e seu pessoal, que o Espaço IAB transformou totalmente a história da vida noturna de Porto Alegre. Lá encontrávamos amigos de todas as áreas, tínhamos apresentações à noite de extrema qualidade – a começar pela Suíte Picnic do Claude Bolling executada por ótimos músicos da cidade.

Saudades do IAB, saudades de vários amigos a quem lá eu encontrava, saudades da livraria e do querido amigo Designer Antonio Carlos Castro, enfim, saudades daquele lindo tempo da inauguração do bar do IAB e de todos os demais estabelecimentos fundados e dirigidos pelo insuperável Dirceu Russi.

Fazia uma peça infantil com a grande Claudia Meneguetti que um dia me falou do bar do IAB. Disse que lá iam muitos artistas e que seria bom eu me “enturmar”. Cheguei com ela na primeira noite, Claudinha era popular e adorada por todos, me apresentou montes de pessoas e eu fiquei extasiado com aquele lugar mágico, naquela noite teve uma apresentação do grupo “100 Modos” e desde então comecei a ir sempre. Conheci Oscar Simch, Zé Victor Castiel, Sergio Caveira, Jesus Iglezias, Fernando Zimpeck e tantos outros que tiveram grande influência sobre aquele jovem ator em início de carreira. Assisti pela primeira vez a divina Cida Moreira, Tangos e Tragédias. O Bar do IAB passou ser meu point preferido, quando sobrava uma graninha me deliciava com o inesquecível “filé ao molho de mostarda” sempre sugerido pelo Genésio que virou um amigão.

Poucos lugares em Porto Alegre reuniram tanta gente inteligente e talentosa como o Bar do IAB, daquelas mesas saíram grandes projetos de teatro, música e artes plásticas, o clima cultural do espaço inspirava muito.

Até hoje, fecho os olhos e consigo, me ver entrando naquele lugar, cheio de esperanças e sonhos.

Zé Adão Barbosa.